A erscola e o saber

8173 palavras 33 páginas
Uma leitura de “A cartomante”, de Machado de Assis

Suscitar diversos tipos de leitura está, sem dúvida, no rol de atributos que tornam um escritor digno de figurar no cânone. Com Machado de Assis, um dos maiores nomes da nossa literatura, não poderia ser diferente. Em um dos seus contos, “A cartomante”, Machado apresenta para o leitor um triângulo amoroso, formado por Camilo, Vilela e Rita. Assim, o enredo começa com Rita dizendo a Camilo que fora em uma cartomante, pois sentia-se apreensiva que Vilela (o marido) descobrisse o caso entre os dois. O rapaz ri das apreensões da amante, pois não acredita em misticismos, é indivíduo cético. A história, então, avança, e o narrador apresenta como Rita tornou-se amante do amigo do marido. Um dado dia, Camilo começa a receber cartas anônimas que indicam que alguém sabe de seu caso com a mulher do amigo. Ele, desse modo, passa a evitar a casa de Vilela. No entanto, combina de se encontrar com Rita em outro local. As coisas passam a preocupar Camilo, novamente, quando ele recebe uma carta, remetida por Vilela. O marido de Rita, na missiva, diz que precisa falar, urgentemente, com Camilo. Este, dessa maneira, se dirige à casa do amigo. No meio do caminho, dentro de uma carruagem, que fica bloqueada em uma das ruas, ele se depara com a casa da cartomante, decide entrar. No local, a mulher, usando meio ardis (ele descobre a vida de Camilo, pois ele mesmo conta tudo para ela), ela consegue convencer o amante de Rita que tudo dará certo. O rapaz, ao chegar à casa de Vilela, descobre que este matou a mulher, pois sabia de todo caso. Sem chances de fugir, Camilo também é morto pelo marido traído.
Numa leitura mais rápida e calcada na ideia de que Machado de Assis seja mais um dos realistas do século XIX, “A cartomante” não passará de um conto em que se tem um triângulo amoroso desastroso para aqueles que estão envolvidos nele. Porém, todo leitura é uma operação de caça e, por isso, caso usemos boas lentes, podemos descobrir

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