A constituição da loucura como doença mental.

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Essa prática é fundamental para a constituição de uma forma de experiência psicológica, pois como nos mostra Foucault, antes do século XIX não existe o conceito de doença mental, e se recuarmos para antes do século XVII, não encontraremos uma divisão radical entre razão e loucura. Nesse texto clássico, Foucault mos­tra que o percurso do Renascimento até os nossos dias tem o sentido da progressiva separação e exclusão da loucura no seio das nossas experiências sociais. Para tal análise, são destacadas, do século XV até o século XIX, tanto as diferentes manifestações sobre o conhecimento teórico da loucura quanto a percepção social dos loucos, presente nos relatórios administrativos e burocráticos.

Deste modo é que no Renascimento, a loucura é expressa como uma espécie de saber esotérico sobre o nosso destino trágico, como se o louco pudesse decifrar os sentidos confusos que o mundo apresentaria em sua aproximação do Juízo Final. Esses temas estão presentes nas diversas pinturas de Bruegel e Bosch, pode ser representado também pelo Arcano 0 do Tarô, representado pelo Louco. No século XVII e XVIII, a loucura definitivamente foi excluída da ordem da razão e do seio da experiência social. No primeiro caso encontramos a suposição de Descartes de que podemos encontrar a verdade em qualquer lugar, mas nunca na loucura. No segundo caso, os loucos passam a ser enclausurados junto a uma população heterogênea, assim como os libertinos, mendigos, prostitutas, alquimistas, magos e suicidas. Daí a ausência de qualquer especificidade que conferisse à loucura a um domínio a parte entre as doenças. Elas são antes de tudo doenças dos nervos, que impedem que representemos o mundo como ele realmente é. É nesse sentido que a demência é a forma por excelência da loucura nesse período, e o delírio o seu sintoma-chave.
A linha divisória entre a razão e a desrazão que surge no período clássico, cava sulcos mais profundos no século XIX em diante. A loucura não é mais entendida como um

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