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7647 palavras 31 páginas
O Brasil e a África no Atlântico Sul: uma visão de paz e cooperação na história da construção da cooperação africano-brasileira no Atlântico Sul Prof. Dr. José Flávio Sombra Saraiva
Universidade de Brasília, Brasil
Irene Vida Gala
Ministério das Relações Exteriores, Brasil

Uma história do Atlântico Sul: o que ficou da África no Brasil?

Os dois lados do Atlântico Sul abraçavam-se, em era geológica remota, compondo um único mundo. Os caprichos da natureza, no entanto, separaram as duas margens deixando para trás rastros de continuidade abordados por vários estudos geológicos. Na formação do mundo moderno, entre os séculos XV e XIX, os dois lados do “mar tenebroso” fo-ram envolvidos na lógica do comércio atlântico de escravos, bens e idéias. A África passou a ocupar papel cêntrico na formação da sociedade e da economia do Brasil. A escravidão de africanos no Brasil, para a grande maioria dos historiadores brasileiros, foi o coração que fez pulsar a organização social da colônia portuguesa nos trópicos americanos e se tornou o amálgama da organização do Estado imperial no século XIX.

Há muito esses laços foram encerrados. O silêncio imperou nos escassos contatos atlân-ticos em grande parte do presente século. A África curvou-se à colonização pelas metrópoles européias enquanto o Brasil voltava-se para seus projetos intestinos, incluindo a modernização conservadora e a idéia de um desenvolvimento econômico que permitisse superar o “problema negro” deixado pelos séculos de escravidão. Defen-sores do “embranquecimento” do Brasil teriam que enfrentar, décadas mais tarde, a construção original daquele que completa seu centenário de nascimento no ano 2000. Gilberto Freyre, em seu esquema culturalista, percebeu a força da presença africana na formação social do Brasil. Apesar das críticas à sua obra, permanece sendo aquele que primeiro formulou o Brasil como parte de um mundo atlântico no qual a África é substrato indelével.

O que ficou da África no

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