WILLIAM MICHAUD
CAIUBI MARTINS DYSARZ*
No litoral do Paraná, há uma cidade cujo isolamento e a preservação ambiental a definem: Guaraqueçaba. A cidade litorânea é banhada pela Baía das Laranjeiras, ao norte da
Baía de Paranaguá, e seu isolamento permite acesso apenas por barco – uma viagem de duas horas e meia da cidade de Paranaguá – ou por uma estrada sofrível. Guaraqueçaba foi emancipada da cidade em questão em 11 de março de 1880 e, com exceção de alguns anos durante a década de 1940, permaneceu enquanto município autônomo. A partir da década de
1960, a região passa a ser alvo de proteção ambiental, culminando com a criação da Área de
Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, em 1985, em conjunto com outras iniciativas análogas
(MIGUEL, 1997, p. 127). O isolamento se reflete igualmente sobre a população: em 1854, um ano após a emancipação de São Paulo, Guaraqueçaba tinha 3.475 habitantes. No censo de
2010, contava com apenas 7.871. Para efeito de comparação, Curitiba, que tinha à época
6.791 habitantes, possuía no mesmo censo mais de 1 milhão e 700 mil (PARANÁ, 1854).
Entretanto, uma personalidade trataria de fazer o vínculo da cidade isolada com o resto do mundo. Seria William Michaud, colono suíço estabelecido nas cercanias da região no final de 1852. A descoberta da trajetória deste personagem começou de modo fortuito. Nos anos de 1950, foi publicada a Iconografia Paranaense, de Newton Carneiro, que reproduzia alguns desenhos do suíço, e que estimularam o suíço-alemão Emilio Scherer a pesquisar um pouco mais sobre a trajetória deste ilustre desconhecido. Scherer acabou por localizar diversas pinturas remetidas pelo colono à Europa, bem como seria o primeiro a estudar as cartas enviadas por Michaud a seus parentes na Suíça, que se encontram no Musée Historique de
Vevey, cujo prédio, coincidentemente, foi a residência da família de William Michaud e onde este nascera. Da pesquisa realizada por Scherer