William Kent

5. A considerada obsessão horticultural dos ingleses data do século XIII, quando aconteceu um verdadeiro boom no cultivo de flores e na proliferação de viveiros. Na Idade Média, o clero já tinha o prazer aromático de plantar flores, mas foi realmente alguns séculos depois que a jardinagem tornou-se popular. Até meados de 1700, imperavam os jardins barrocos franceses. Porém, com a decadência da aristocracia francesa, a nobreza emergente inglesa adotou os preceitos românticos de redescobrir a natureza como fonte de deleite. Somando-se a isso, essa foi a época da chamada Grand Tour em que os viajantes europeus traziam do Oriente inspirações paisagísticas, como o cedro do Líbano. O jardim passou então a ser “pitoresco com uma interpretação da natureza”, explica a professora-doutora Catharina Santos Lima, que leciona paisagismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.

William Kent (1684-1740) foi um dos protagonistas dessa nova concepção de paisagem. Kent criou jardins com alguns truques para parecer o mais natural possível. Os artifícios eram chamados follies ou loucuras. A moda pegou de tal forma que Maria Antonieta resolveu instalar no Petit Trianon do Palácio de Versalhes um jardim romântico com vacas leiteiras para que ela pudesse ordenhá-las.
O parque – uma extensão do jardim – veio depois. Um dos primeiros foi o Regent’s Park, criado em 1810 no coração de Londres. O Saint James, também na capital inglesa, foi um dos pioneiros que usou o chorão e os patinhos – adotados até pelo grande paisagista brasileiro Burle Marx no parque paulistano Ibirapuera. Os parques também foram cenário de grandes caçadas, outra paixão dos britânicos. A palavra “soho”, por exemplo, que deu origem ao nome de um dos mais badalados bairros londrinos, era um grito bradado pelos caçadores aos seus cães perdigueiros.
A praça pública também sofreu influências do paisagismo inglês. Segundo o historiador Paul Zucker, “as primeiras praças estabelecidas em Londres não eram