Weber_refuta_Marx_e_funda_sociologia

Weber refuta Marx e funda sociologia

A ética protestante

O alemão Max Weber, com formação de economista, filósofo e historiador, não inscreveu seu nome na história de nenhuma dessas disciplinas. Preferiu criar outra. Weber é conhecido como um dos pais da sociologia – ao lado do francês Émile Durkheim – por conta das inovações teóricas e do sucesso acadêmico de seu principal livro, A ética protestante e o espírito do capitalismo, que publicou em 1904, aos 40 anos, estabelecendo um diálogo de grande repercussão com o marxismo. Nascido em 21 de abril de 1864 na cidade de Erfurt, Weber foi criado pela família liberal e humanista para ser um intelectual. Ingressou na carreira acadêmica, mas em 1897, foi obrigado a abandoná-la – aposentadoria forçada por um quadro de depressão intermitente que o acompanharia por muitos anos – e passou a se dedicar com afinco redobrado aos estudos. Em sua casa, a intelligentsia alemã se reunia para debater, sobretudo, temas referentes ao pais. Foi dessa intensa atividade que resultou A ética protestante... O texto, publicado primeiro na revista Arquivo de sociologia e de política social, dirigida pelo próprio Weber, sustenta que o puritanismo calvinista – protestante – precedeu o estabelecimento da era capitalista e o estimulou, devido ao valor que atribuía ao trabalho – indicando que a catequese das doutrinas religiosas pode viabilizar profundas transformações na realidade socioeconômica das nações. Seu principal interlocutor e adversário teórico era Karl Marx, que defendia a prevalência do plano econômico sobre a superestrutura ideológica – inclusive a religião. O debate, do gênero ovo-de-galinha, iria permear toda a reflexão social do século XX. O sociólogo não escondia sua ambição de participar ativamente do processo político da Alemanha. Antiimperialista e antilatifundiário, combateu a burocracia militarista alemã e foi crítico da arbitrariedade do imperador, cujo absolutismo afastava os intelectuais da cena