Weber - os tipos ideais
Max Weber
O domínio do trabalho científico não tem por base as conexões “objetivas” entre as “coisas” mas as conexões conceituais entre os problemas. Só quando se estuda um novo problema com o auxílio de um método e se descobrem verdades que abrem novas e importantes perspectivas é que nasce uma nova “ciência”. Não é por causalidade que o conceito de “social”, que parece ter sentido muito geral, adquire, logo que seu emprego é submetido a um controle, um significado muito particular e específico, embora geralmente indefinido. O que nele há de “geral” deve-se, com efeito, à sua indeterminação. Porque se é encarado no seu significado geral, não oferece qualquer ponto de vista específico a partir do qual se possa iluminar a significação de determinados elementos culturais (...). De tudo o que até aqui se disse resulta que carece de razão de ser um estudo “objetivo” dos acontecimentos culturais, no sentido em que o fim ideal do trabalho científico deveria consistir numa redução da realidade empírica a certas leis. Carece de razão de ser, não porque – como freqüentemente se sustentou – os acontecimentos culturais ou, se se quiser, os fenômenos espirituais evoluam “objetivamente” de modo menos sujeito a leis, mas: a) porque o conhecimento de leis sociais não é um conhecimento do socialmente real, mas unicamente um dos diversos meios auxiliares que nosso pensamento utiliza para esse efeito; e b) porque nenhum conhecimento dos acontecimentos culturais poderá ser concebido senão com base na significação que a realidade da vida, sempre configurada de modo individual, possui para nós em determinadas relações singulares.(...). Após essas prolongadas discussões podemos finalmente dedicar-nos à questão que nos interessa metodologicamente a propósito do estudo da “objetividade” do conhecimento nas ciências da cultura. Qual é a função lógica e a estrutura dos conceitos com os quais trabalha a nossa ciência, à semelhança de qualquer outra? Ou, para dizer de