Vivendo em futuros

Vivendo em futuros
Escrito por:
 Roland Kupers


Angela Wilkinson

HBR - sexta-feira, 10 maio, 2013 - 16:10
Em 1965, a Royal Dutch Shell colocou em operação um sistema computadorizado — que chamou de Unified Planning Machinery, ou UPM — cuja meta era levar mais disciplina ao planejamento do fluxo de caixa ali dentro. Racional e fundada em modelos, era uma modalidade de projeção financeira em voga na década de 1960. Não tardou, no entanto, para que a diretoria da Shell percebesse que muitos dos compromissos que precisava assumir se estendiam por muito mais do que o horizonte de seis anos do UPM — e que, mesmo dentro desse intervalo, o sistema volta e meia se equivocava. No início da década de 1970, o UPM foi abandonado. Muito melhor foi a sina de outra iniciativa lançada pela Shell em 1965, embora com bem menos alarde. Jimmy Davidson, então diretor de economia e planejamento do braço de exploração e produção da Shell, recrutou um veterano da casa, Ted Newland, para tocar, na sede em
Londres, um projeto batizado de Long-Term Studies (“estudos de longo prazo”). “Fui instalado numa saleta no 18º andar com a missão de pensar no futuro, sem qualquer indicação real do que esperavam de mim”, lembra Newland. Sua nomeação marcou o início de uma experiência notável — ainda em curso — no uso de cenários prospectivos para o enfrentamento de um futuro incerto.
Sob o comando de Newland e Davidson, que em 1967 virou o primeiro diretor-geral de planejamento da Shell, a operação “futuros” começou a tomar forma. Newland partiu redigindo um relatório sobre o “Ano 2000”. Com um novo colega, Henk Alkema, começou a traçar perspectivas de longo prazo — ou futuros alternativos. Os primeiros cenários sobre preços do petróleo elaborados pela dupla foram entregues a altos executivos em meados de 1971. Mais ou menos nessa época, Davidson reforçou a equipe com Pierre Wack, que fora chefe de planejamento da Shell na França; a ideia era garantir a atenção e o