verdade

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mentira usada politicamente tem uma trajetória tão longa quanto a história da pólis no contexto de suas intrincadas relações. Tais interações implicam sempre a presença do elemento psicológico na arquitetura do Estado e, portanto, caracterizam a inseparabilidade, nessa organização social, dos fenômenos subjetivos que integram sua composição. A mentira vista assim não é simplesmente uma carta no jogo político usada bem ou mal pelo governante ao sabor das razões de Estado, mas uma função tanto do psiquismo humano quanto da política. A teorização de Platão e Maquiavel até Weber já antecipa essa compreensão que a psicanálise pode fundamentar. O corte epistêmico maquiaveliano que retirou a ética do núcleo da nascente ciência política dá à mentira um estatuto especial no seu corpo teórico, na medida em que concede ao governante direito ao uso de meios excepcionais para alcançar os fins almejados.
Esse modelo será a raiz futura de muitos equívocos e incompreensões que, na prática política, entrará em contradição com uma determinada postura ética ou, inversamente, fará uma aliança com valores tirânicos e didatoriais. Essa é, na verdade, a essência da vida política, pois o ser humano que a configura e pratica oscila sempre entre bondade versus crueldade e verdade versus falsidade. Mas isso constitui a própria dialética do conceito de ética que, por definição, está excluída da práxis política maquiaveliana. A utilização, pelos condottieri, da coerção, do medo e mesmo da crueldade, reforça ainda mais a impressão de contradição, mas Maquiavel não dá ao Príncipe o direito à tirania. Isso significa que o pensador florentino conhecia muito bem a natureza humana e, sendo assim, integrava à narrativa de O Príncipe todas as contradições do comportamento humano. A passagem do passionalismo egoísta ao processo político ético integrado é um objetivo desejado mas impossível de alcançar. O pessimismo, aqui, deriva de Freud, porque o "Inconsciente" nunca dará à "Razão" essa autonomia

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