Uma fé e o Juazeiro

Voltar ao passado. Essa atitude é difícil quando se observa uma quase metrópole, moderna como Juazeiro do Norte, encravada no rico Cariri e quase unindo-se a Crato e Barbalha, suas vizinhas mais próximas. Esse pensamento surgiu ao refletir sobre as origens dessa cidade, enquanto arraial. E, desse modo, não posso abandonar a ideia de falar sobre o homem que hoje é considerado o Cearense do Século, padre Cícero. Nascido em 24 de março de 1844, Cícero Romão Batista ingressou na Igreja aos vinte um anos, no Seminário da Prainha, e cinco anos depois tornou-se padre. Sempre se esforçou para desenvolver o lugar onde foi ordenado vigário, o pequeno povoado de Juazeiro do Norte. No início, construiu uma igreja com a ajuda do povo, e passou a realizar trabalhos evangelísticos na região. Sua inteligência, genialidade e prestígio o conduziram a vitórias em sua carreira política ou religiosa. Parece que vejo os fiéis daquela época se impressionarem ao contemplar a hóstia que o padre Cícero abençoou sangrar na boca de Maria de Araújo. A fé moveu montanhas: ele ficou famoso e a pequena Juazeiro do Norte começou a receber visitas e peregrinações em busca dos milagres que esse homem podia realizar. A fama de milagreiro se espalhou, e chegou até aos ouvidos do Vaticano, que o excomungou. Depois de conversar com o papa, conseguiu uma liberação parcial da sua pena, mas a proibição de realizar missas nunca o impediu de celebrá-las. Hoje, os romeiros juazeirenses que acreditam que o padre Cícero é realmente um santo podem se dirigir a ele como se dissessem: “Meu padim ‘pade’ Ciço, eu sou muito grato por seus milagres e por sua valentia. Por ter virado prefeito dessa cidade quando ela emancipou, e ter lutado conosco contra o governo, que queria acabar com esse lugar, que é tão bonito hoje. Meu padim, sua bravura eu admiro muito, e num vou deixar nunca de defender o senhor”. Sim, essa ilustre figura do Cariri cearense convenceu o povo a lutar contra as tropas federais, e sua grande