Um diálogo entre “As mãos dos pretos”, de Luis Bernardo Honwana, “Por que o negro é preto”, de Câmara Cascudo, e Macunaíma, de Mário de Andrade

6167 palavras 25 páginas
Literatura, Sociedade e Identidade Cultural: Um diálogo entre “As mãos dos pretos”, de Luis Bernardo Honwana, “Por que o negro é preto”, de Câmara
Cascudo, e Macunaíma, de Mário de Andrade

Laís de Almeida Cardoso1

RESUMO: Literatura, sociedade e identidade cultural são áreas de estudo intimamente relacionadas, por meio das quais é possível construir uma ideia de nação. Neste artigo estudamos o conto “As mãos dos pretos”, do moçambicano Luis Bernardo Honwana, paralelamente a dois textos brasileiros, “Por que o negro é preto”, conto popular recolhido por Câmara Cascudo, e um trecho de Macunaíma, de Mário de
Andrade, de modo a estabelecer um profícuo diálogo entre eles.
ABSTRACT: Literature, society and cultural identity are closely related fields of study, through which it is possible to settle an idea of nation. In this article we study the Mozambican Luis Bernardo Honwana tale “As mãos dos pretos” and confronted it with two Brazilian texts, “Por que o negro é preto”, folktale collected by Câmara Cascudo, and a chapter of Macunaíma by Mário de Andrade, in order to establish a profitable dialogue between them.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura Africana e Brasileira; Identidade Cultural; Sociedade; Conto Popular.
KEYWORDS: African and Brazilian Literature, Cultural Identity; Society; Folktale.

Em um dos capítulos de seu livro Literatura e sociedade, Antonio Candido propõe uma reflexão sobre como fatores socioculturais podem influenciar o artista em seu processo criativo, considerando “em que medida a arte é expressão da sociedade”, e
“em que medida é social, isto é, interessada nos problemas sociais”. Concluindo o capítulo, Candido define a relação entre obra, autor e público como “inextricável” do ponto de vista sociológico. Segundo ele, a arte é um “sistema simbólico de comunicação inter-humana”, que “pressupõe o jogo permanente de relações entre os três”, formando uma “tríade indissolúvel” (CANDIDO, 1967, p. 23).
Outra tríade que requer uma

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