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3786 palavras 16 páginas
PRÁTICAS LEITORAS:
Diferentes Instâncias e Contextos de Leitura*

MARTINS, Aracy1- FE/UFMG

É assim que o gosto que o público popular manifesta pelos espetáculos mais espetaculares ("músic-hall", teatros de "boulevard", circo, grandes produções cinematográficas, etc.) e pelo aspecto mais espetacular desses espetáculos, trajes, música, ação, movimento fantástico e, sobretudo, a paixão por todas as formas de cômico e notadamente por aquelas que tiram seus efeitos da paródia ou da sátira dos "grandes" (imitadores cançonetistas, etc.) são dimensões do ethos da festa, da franca diversão, riso livre que libera, colocando o mundo social de cabeça para baixo, invertendo as convenções e as conveniências.
Bourdieu (1983:91)

Introdução

Via de regra, quando se tematiza a formação de leitores, pensa-se imediatamente na instituição escolar como responsável por essa formação. Não podemos negar que isso seja constatável, já que a possibilidade de aquisição da habilidade de decodificação tem mais êxito mediante a sistematicidade da escola.

Se, entretanto, lançarmos um outro olhar sobre as condições de formação de leitores, haveremos de nos perguntar se as probabilidades de um sujeito se tornar leitor não estariam fora da escola, quanto mais não seja se imaginarmos que dois fatores que impulsionam essa formação se encontram exatamente no espaço extra-escolar: o desejo e a necessidade. Esses dois fatores, que fazem o sujeito procurar pelos mais diversos materiais de leitura, surgem no interior desse sujeito, a partir da intensidade e da premência das suas relações com o mundo, ou seja, dos seus pertencimentos sócio-histórico-culturais.

O próprio conceito de letramento, muito discutido internacionalmente nos nossos dias (Soares, 1998), traz em si a noção de funcionalidade como o atributo essencial das habilidades de leitura e escrita. Define-se a pessoa funcionalmente letrada levando-se em conta não somente um componente aquisitivo (individual), mas

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