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2653 palavras 11 páginas
APRESENTAÇÃO
Educação do corpo: teoria e história
Marcus Aurelio Taborda de Oliveira
Alexandre Fernandez Vaz
O lugar de estudo era isso. Os alunos se imobilizavam nos bancos: cinco horas de suplício, uma crucificação. Certo dia vi moscas na cara de um, roendo o canto do olho, entrando no olho. E o olho sem se mexer, como se o menino estivesse morto.
Não há prisão pior que uma escola primária do interior. A imobilidade e a insensibilidade me aterraram. Abandonei os cadernos e as auréolas, não deixei que as moscas me comessem.
Assim, aos nove anos ainda não sabia ler.
Graciliano Ramos
Que tipo e qualidade de questões podem nortear o esforço de estudar historicamente as relações entre corporalidade e formação? Essa não é, certamente, uma pergunta com respostas prontas ou fáceis. A polissemia que encerra ambos conceitos contribui para que, ao perspectivar o estudo histórico da relação entre essas duas dimensões socioculturais, as dificuldades só façam aumentar.
São muitas as entradas e recortes possíveis e é de bom alvitre que nos esforcemos para que isso permaneça, coincidindo com a própria multiplicidade de objetos, tempos e lugares que se apresentam. Não poucos estudos têm instigado reflexões sobre a história da saúde e da doença; da ginástica e da exercitação física; da medicina, da higiene, do sanitarismo; do esporte e do lazer; do brinquedo, da infância, da escolarização; da educação. De alguma forma, todas histórias do corpo, todas histórias da formação.
Tomemos como exemplo alguma documentação que remonta a meados do dezenove e nos lança até as primeiras décadas do século XX.
É imperioso reconhecer que alguns dispositivos foram mobilizados para a afirmação social da escolarização – uma das formas privilegiadas de formação em tempos modernos – e para remodelação dos parâmetros pelos quais a corporalidade era tratada. Pela sua proeminência ainda hoje nos estudos sobre culturas escolares, podemos, a título de ilustração, destacar

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