Trabalhos

Esse foi sub-reticiamente o motivo do grande filósofo e erudito ter colocado, ainda que em linguagem quase que críptica, a questão da autonomia e da liberdade dos indivíduos no centro da sua reflexão ("Autonomia é pois o fundamento da dignidade da natureza humana e de toda a natureza racional."), erigindo um tribunal da razão (Kritik der reinen Vernunft, "Crítica da Razão Pura"; Kritik der praktichen Vernunft, "Crítica da Razão Prática"; Kritik der Urteilskraft, "Crítica dos Fundamentos do Juízo", editados entre 1781-1790) para submeter a ela o que então se entendia por valores estabelecidos.
Filósofo das Luzes, definiu num opúsculo célebre (Wast ist Aufklärung?, "O que é o Iluminismo", de 1784 ) o movimento intelectual da sua época como aquele que visava fazer os homens pensarem por sua própria conta e risco a fim de que se emancipassem, que se tornassem verdadeiramente adultos, seres humanos por inteiro e não ovelhas mansas tuteladas, condenadas a repetir com balidos ou sacudir da cabeça o que os sacerdotes e os governantes lhes ensinavam.

Considerou a maior parte das decisões e decretos emitidos durante a Revolução Francesa de 1789 como "legítimos e convenientes", rejeitando a permanência dos privilégios dados à Igreja ou às Ordens Militares feudais que se transformavam em concentração fundiária. Por igual defendeu a abolição do estatuto especial para a nobreza e apoiou o fim da servidão da gleba, porque para ele os contratos eram sempre feitos entre pessoas privadas (proprietários), apoiando e advogando a difusão do trabalho assalariado que, ao contrario da servidão, não implicava na disposição ilimitada que o patrão exercia sobre uma pessoa.

Num dos seus vôos utópicos (Zum ewigen Frieden, "Da Paz Perpétua", 1795) imaginou o futuro da humanidade apoiado numa Sociedade das Nações formada por um confederação de repúblicas espalhadas por toda a terra e unidas pelo