Trabalho

RESPOSTA

1- Segundo Fernando Henrique Cardoso, o grande vilão para as charqueadas gaúchas foi o sistema escravocrata que existia na época. Diferente das produções da cana-de-açucar e do café, onde se exercia uma economia propriamente colonial, em que as camadas sociais eram estratificadas e com mais facilidade para se desenvolver uma sociedade senhorial escravocrata, no Rio Grande do Sul, a produção e exportação do charque sofria a forte concorrência do charque uruguaio, o que fazia a economia sofrer flutuações de prosperidade e retração. Esse sistema de produção instável, de acordo com FHC, teria sido mais próspero se, mesmo antes da abolição da escravatura, os produtores tivessem adotado um sistema de livre trabalho.
Por se tratar de uma produção sazonal, os produtores do charque que utilizavam de mão-de-obra escrava, tinham que atribuir aos escravos outras funções que não aquelas ligadas à criação do gado, para mantê-los “ativos e desciplinados” (CARDOSO) e isso não trazia lucros aos senhores, pelo contrário: mesmo fora da época de safra, o charqueador precisava alimentar seu escravo, vesti-lo e alojá-lo. Isso significava, portanto, um desperdício de capial, pois o sentido não está em aumentar a produtividade, mas sim em manter uma autoridade sobre o escravo.
Outra característica insatisfatória do sistema escravocrata é a não possibilidade de retribuição. Num sistema livre de trabalho, o operário livre pode ser induzido a se dedicar mais à sua tarefa – gerando assim mais produção – apenas a partir da expectativa de uma retribuição maior, a expectativa de um aumento de salário. Outro problema também estava na divisão técnica do trabalho: enquando no RS o controle do trabalho era feito a partir da contagem do número de animais e couros preparados por cada escravo, no Uruguai existia uma subdivisão das tarefas.
Para Fernando Henrique Cardoso, o sistema escravocrata deveria ter sido superado no Rio Grande do Sul, para que a produção do charque não