TPM - La Boetie

BOÉTIE, Etienne de La. Discurso da Servidão Voluntária. Trad. Laymert Garcia dos Santos. Editora Brasiliense, 1987.

Em sua obra, La Boétie analisa o problema da tirania e a liberdade e discorre sobre os motivos que levam nações a suportarem um tirano por longos períodos de tempo, considerando que o povo é responsável por legitimar seu governante.
O político é pensado como algo imanente, que reflete o horizonte moral no qual o homem realizará suas atividades e que, através da ideia de um mandante e de seus servidores, constrói-se o governo e a relação política moral. Existem três formas de tiranos: aqueles que chegam ao poder através da eleição popular, utilizando forças armadas ou a partir da sucessão; independente da origem do tirano, o autor afirma que todo governante é assim classificado, visto que o poder corrompe até o mais justo.
A origem da servidão é encontrada nos governados, indagando-se por que esses se submetem e legitimam um tirano, consentindo deliberadamente a concentração do poder. O homem deprecia sua liberdade; se desejassem a ter, a teriam, mas optam pela servidão. O autor afirma que, por natureza, o homem não é submisso e que a liberdade não se dá pela questão de identidade, mas a partir da ideia de desigualdade, que é natural à sociedade. A partir das desigualdades, os indivíduos se agrupam e a partir do reconhecimento, origina-se amor fraternal (poder horizontal).
Logo, a servidão voluntaria se dá a partir de costumes e da educação recebida, a ideia de hereditariedade sem questionamentos. A astucia do tirano em saber lidar com os governados, cegando-os à ideia de concentração de poder (pão e circo). Para Boétie, o tirano se mantem no poder por que há uma rede de apoio, que sustenta seu governo em troca de favorecimentos concedidos a estes apoiadores, o que alimenta a ideia de maquinaria do Estado, resultante da troca de favores e nutrição do poder. Neste contexto, a lógica do poder não seria contraria a lógica da liberdade, mas a