Texto vigiar e punir
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FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. O nascimento da prisão. Tradução Raquel Ramalhete. 32. ed. Petrópolis: Vozes, 1987.
HAROLDO REIMER
A obra Vigiar e Punir de Michel Foucault brinda o leitor com uma análise histórico-filosófica profunda sobre a estruturação organizativa do Ocidente nos últimos séculos. Essa análise é feita tomando como foco o sistema punitivo-legal ao longo dos séculos. Com isso, o autor quer demonstrar como na história recente se chega ao sistema do panoptismo como forma de vigilância e controle sobre os corpos não só da população carcerária, mas também das brigadas operárias nas fábricas e dos intermináveis contingentes nas escolas. Segundo o autor, a história do Ocidente é uma história que pode ser reconstruída sob a ótica do binômio ‘vigiar e punir’. Trata-se de uma temática que poderia ser demonstrada em qualquer âmbito do cotidiano histórico, mas nesta obra está mais diretamente relacionada com a dimensão judiciária. O próprio autor explicita o objetivo de seu livro: “uma história correlativa da alma moderna e de um novo poder de julgar; uma genealogia do atual complexo científico-judiciário onde o poder de punir se apóia, recebe suas justificações e suas regras, estende seus efeitos e mascara sua exorbitante singularidade” (p.23). O autor divide o seu livro em quatro partes principais. Em cada uma das partes, aborda momentos históricos distintos, procurando detectar as formas próprias de punição e vigilância em cada uma das épocas. É evidente que o binômio ‘vigiar e punir’ foi diferentemente trabalhado em um destes momentos. Na primeira parte, o autor trata do ‘suplício’. Aqui sua intenção é mostrar como desde a Antiguidade, passando pela Idade Média e parte da Modernidade, o castigo do corpo do transgressor era a forma evidente e pública da punição. Essa parte está dividida em dois capítulos. No primeiro capítulo, intitulado “O corpo dos condenados” (p. 9-29), Foucault busca