TEORIA PLATÔNICA DA BELEZA
Por: Ariano Suassuna.
O Mundo das Idéias Puras
Estudar a Beleza é tocar, de maneira geral, em todos as problema da Estética. Par exemplo: a fato de nos determos sabre o problema de sua natureza, suscita, logo, a questão de saber se ela pode ou não ser abordada filosoficamente — fato que, como já vimos, os irracionalistas negam, em nome da liberdade, principalmente num campo coma a da Arte, onde imperam os dons individuais sempre desiguais e imprevisíveis. Tentaremos porem aqui, pelo menos pressentir a essência da Beleza, servindo-nos, para isso, das várias contribuições que os pensadores trouxeram, a partir dos inícios do pensamento ocidental.
Como acontece ordinariamente no campo desse pensamento, vamos encontrar as primeiras indicações a respeito da Beleza na obra de Platão, que nos fala pela boca de Sócrates, homem real que foi ou personagem platônico em que se transformou. Para Platão, dentro da sua grandiosa visão idealista do mundo e do homem, a beleza de um ser material qualquer depende da maior ou menor comunicação que tal ser possua com a Beleza Absoluta, que subsiste, pura, imutável e eterna, no mundo supra-sensivel das Idéias.
A teoria platônica da Beleza e da Arte depende, assim, de sua visão geral do mundo. Para usar palavras de Ortega y Gasset, Platão via o universo corno dividido em dois mundos, o mundo em ruína e o mundo em forma. O nosso mundo, este mundo sensível que ternos diante dos nossos olhos, é o campo da ruína, da morte, da feiúra, da decadência. O mundo autentico, o mundo em forma do qual o nosso recebe existência e significação, é aquele mundo das essências, das Idéias Puras, às quais acabamos de nos referir. É o mundo eterno e imutável que existe acima do nosso e que chama o daqui para seu seio. Nesse mundo, a Verdade, a Beleza e o Bem são essências superiores, ligadas diretamente ao Ser. Cada ser do nosso mundo em ruína, tem, no outro, um modelo: os padrões ou arquétipos, situam-se entre