Teologia da idade media
Rossano cita alguns escritos do santo, que, na Suma Teológica, defendeu que o homem é feito da mesma matéria que todas as outras criaturas; em outra obra,Os princípios da natureza, santo Tomás lembra, na tradição aristotélica, que os homens são animais. O professor de Psicologia ainda diz que o teólogo tinha uma compreensão da interdependência entre corpo e mente que o levava a rejeitar o dualismo agostiniano/neoplatônico. Isso me faz lembrar justamente daquela aula de Antropologia Teológica que tivemos em Cambridge com Marc Cortez (aquela que eu julguei ter sido bastante deslocada, dentro do contexto do curso), em que ele listou as abordagens da relação entre corpo e alma, com o "dualismo cartesiano" numa ponta e o "dualismo tomista" como o que havia de mais próximo ao monismo. Aliás, a rejeição ao dualismo foi praticamente unânime entre os professores que trataram do assunto durante o curso. O Carlos Ramalhete, colunista da Gazeta, já me recomendou ler o Questões discutidas sobre a verdade, do próprio Tomás de Aquino, para entender melhor como o santo concebe a relação entre corpo e alma. Está na fila...
Na opinião de Rossano, também são dignas de nota algumas partes da Suma contra os gentios, em que Tomás de Aquino tece algumas explicações sobre o casamento (e as situações relativas à prole que fazem os laços entre macho e fêmea mais fortes) e a monogamia (com a "vantagem" para o macho de ter a certeza da paternidade). Rossano ainda afirma que Tomás de Aquino defendia um senso moral natural, intrínseco ao ser humano, e sua noção de "sindérese" pode ser usada contra quem argumenta que só a religião pode proporcionar moralidade. Se estivesse vivo hoje, Tomás de Aquino seria um evolucionista?, Rossano se pergunta. Para ele, é bem possível, já que os escritos do doutor da Igreja trazem conceitos compatíveis com a evolução e que ele, assim como Aristóteles e seu professor, santo Alberto Magno, eram