Sinais, raízes de um paradigma indiciário. In: Mitos, emblemas e sinais.

O texto escrito por Carlo Ginzburg, Raíses de um paradigma indiciário, tenta discutir como por volta do século XIX surgiu silenciosamente no âmbito das ciências humanas um modelo epistemológico ao qual até então não tinha se prestado suficiente atenção, o paradigma indiciário, baseado na semiótica. O autor inicia sua argumentação trazendo à luz o surgimento do paradigma indiciário descrito a partir do chamado “método morelliano”. Na segunda metáde do século XIX Giovanni Morelli fez uma série de artigos sobre pinturas antigas, nos quais propunham um novo método de estudo, este método chamado de “método morelliano”. Morelli provocou uma revolução nas galerias da Europa recolocando em discussão a atribuição de muitos quadros a cada pintor. Ele pretendia através desse método diferenciar os quadros originais das cópias. Para isso era preciso analisar os pequenos detalhes das obras, os mais negligenciados pelos copiadores. Apesar deste método dar muitos resultados, foi muito criticado e caiu em descrédito posteriormente.

Logo em seguida, Ginzburg Relaciona o método indiciário de Morelli com o do detetive da ficção, Sherlock Holmes e aos métodos pscanalíticos de Freud, que declarou ter sofrido infuências desse método e sua fase “pré-analítica”

Delinea-se então uma analogia entre os métodos de Morelli, Holmes e Freud com as Pistas: mais precisamente, sintomas (no caso de Freud), indícios (no caso de Holmes), e signos pictóricos (no caso de Morelli). Ginzburg coloca que essas relações se explicam pelo fato de Freud, Morelli e Conan Doyle, autor de Holmes, serem médicos, percebe-se nos três casos o modelo da semiótica médica. A partir de então, o autor fala desse surgimeto do paradígma indiciário que foi baseado na semiótica e que tem suas raízes na antiguidade, nas civilizações mesopotâmicas.

Mais a diante, Ginzburg debita a marginalização do método indiciário à “cesura definitiva” sofrida pelas noções de “rigor” e “ciência” tempos depois com o aparecimento