Resumo de rené descartes
Werner Schrör Leber
PARTE 1
O tom de Descartes é a pessoalidade. Seu Discurso se inicia na primeira pessoa. Descartes narra como chegou ao Método, isto é, como chegou a uma nova maneira de compreender a razão e o pensamento, pois é isso que está a buscar, reportando-se sempre ao percurso que seguiu para encontrar um elemento filosófico substancialmente diferente daquele que aprendera da tradição. Chegou lá, assim já dá entender logo nas primeiras linhas, por ele mesmo. Escreveu: “Assim sendo, meu propósito aqui não é o de ensinar o método que cada um deve seguir para bem conduzir a própria razão, mas apenas mostrar de que maneira conduzi a minha” (p.77).[1] Desde a infância esteve alinhado com as letras (p. 78), mas começou a se desviar do ensino tradicional. As humanidades clássicas já não lhe agradavam. Queria um outro paradigma. Confessa que a matemática lhe parece mais adequada (p. 80). Ela, assim parece, tem um grau de certeza e exatidão que as filosofias tradicionais não possuíam. Mas ele ainda não havia percebido toda a utilidade da matemática. Achava que servia apenas [...] às artes mecânicas” (p. 80). Ficava espantado que, apesar de seus fundamentos sólidos, a matemática nada de mais sólido havia construído. Descartes é dissimulado; escreve entre “as tumbas”, quer dizer, às vezes, quase sempre, por metáforas. Percebe-se um certo temor em sua palavras; um suspense. O que ele teme? Não o diz abertamente. Seria a inquisição? Mas abandona as coisas que aprendeu nas escolas tradicionais, ou seja, estudo das línguas, leituras de livros antigos sobre as civilizações passadas da Grécia, Egito, Roma, Alexandria. Já teve admiração por essa cultura, mas algo lhe diz que o método que quer encontrar deve ser diferente dos ensinamentos clássicos. Agora Descartes (p. 81) nos diz que já amou a teologia tal como a