resenha l'acadie l'acadie

Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola de Comunicação – Habilitação Radialismo
Trabalho entregue à disciplina Cinerama
Professora Guiomar Ramos

por Carolina Calcavecchia – DRE: 107.328.670

A Acádia é uma região marcada por polêmicas, pela sua localização geográfica e pela sua história de colonização francesa. O povo acadiano sofreu durante séculos com a falta de reconhecimento de sua identidade. Seu bilingüismo e biculturalismo não eram aceitos. Na província de New Brunswick, no Canadá, 40% da população tem o francês como sua língua, porém é obrigada a se exprimir em inglês se quiser ter voz e se fazer ouvir.
É no final dos anos 1960, na Universidade de Moncton precisamente, que surge o movimento do despertar acadiano, uma forma de resistência dos acadianos em defesa de sua cultura, da possibilidade de ter uma. O canadense Pierre Perrault registra de perto a luta dos jovens universitários, determinados a exigir o respeito à sua identidade, no documentário L’Acadie, L’Acadie.
Os estudantes francófonos querem apenas ter sua cultura aceita e serem ouvidos pelo idioma que falam. Sim, é uma região bilíngüe e bicultural, e assim deve ser entendida e respeitada.
A questão central do documentário, bem como do movimento, é a questão do idioma. A língua é a identidade de um povo, por isso o não reconhecimento do francês naquele contexto significa também uma tentativa de calar aqueles 40% da população. Perrault dá voz a esses jovens que necessitam ser ouvidos, que necessitam expor ao mundo a repressão da qual são vitimas. A grande beleza do filme está na sua humanização. Perrault tem uma sensibilidade admirável, digna dos bons documentaristas, ao não apenas relatar o grande movimento político que está acontecendo, mas, principalmente, em fazer um filme sobre pessoas. Pessoas que falam, se colocam e que exigem seu espaço. Talvez por isso as duas horas de filme e sua densidade não sejam um problema. O espectador está ali envolvido nas questões