Resenha Os Palavrões - Ariel Arango

494 palavras 2 páginas
ARANGO, Ariel. Os palavrões. (Trad. de Jasper Lopes Bastos). São Paulo: Brasiliense, 1991.

De acordo com “Os Palavrões”, de Ariel Arango, psicanalista argentino e autor de vários livros sobre sexualidade e psicologia, o léxico de uma língua permite que nele se entreveja o modo como a comunidade vê o mundo que a circunda, em seus diferentes aspectos. Assim, por meio do seu estudo, podemos ter uma ideia dos preconceitos que permeiam a sociedade. Sociedade, esta, que transforma algumas expressões em palavras-tabu e se escandaliza quando elas são postas à tona. O livro propõe que, em geral, a lexia erótico-obscena pode ser considerada um palavrão, pois ambos podem ser utilizados pelos falantes para expressar insulto, manifestar sentimentos ou para mascarar o nome de algum órgão sexual a fim de evitar a terminologia oficial. Os palavrões são unidades léxicas disparadas, são projéteis verbais. Eles são vistos também como elemento de catarse para aliviar a tensão social, já que, para Arango, um paciente não está completamente tratado se não soltar um palavrão em, pelo menos, uma sessão com o psicanalista. Então, pelo que se vê, essas palavras-tabu estão relacionadas ao coito ou a órgãos sexuais. Em uma sociedade tão liberal, onde, em horário nobre televisivo, há cenas de pornografia, não há motivos mais para manter estas unidades léxicas como proibidas. Porém, a sonoridade destes verbetes causa mal-estar por causa da imagem evocada. Digo que, se me perguntassem: “você se imagina trabalhando na indústria do sexo?” eu responderia que não. Não por causa da moral ou por medo de sujar minha reputação, mas porque, em minha opinião, tudo o que as palavras-tabu aludem deve ser feito entre quatro paredes e escondido atrás de panos. Pois, por que outra razão as pessoas usariam roupas e se relacionariam sexualmente em lugares reservados? Talvez, se voltássemos às nossas origens e nos despíssemos dos panos e mostrássemos nossas “vergonhas”, metade dos palavrões

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