resenha merleau ponty

455 palavras 2 páginas
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O pintor demora se estabelecer e somente na maturidade encontra um ambiente propício, no retorno ao seu lar de infância; aos poucos perde ao contato com os homens e não sabe mais se socializar. Evita amigos e contato físico; deixa-se isolar em sua fuga da humanidade.
Mas esse aspecto fugidio do pintor não reflete sua verdadeira capacidade e muito menos o sentido de sua obra. Cézanne procurou provocar os sentimentos, tentou conceber a natureza como ela se apresentava para ele, como um estudo preciso de aparências. Tentava restituir o movimento através de toques justapostos, de uma pintura já diferente dos impressionistas. Cézanne busca de maneira diversa destes a sua obra; usa de mais cores, menos contornos, os objetos parecem brilhar do interior, parecem ter solidez.

A pintura de Cézanne seria um paradoxo: procurar a realidade sem abandonar as sensações, sem ter outro guia senão a natureza na impressão imediata, sem delimitar os contornos, sem enquadrar a cor pelo desenho, sem compor a perspectiva ou o quadro. A partir disso, Merleau-Ponty nos mostra que a obra do pintor é muito mais que isso. Cézanne era no fundo alguém avesso a alternativas prontas, não eram só sentidos, nem só inteligência; a linha divisória estava entre a ordem espontânea das coisas percebidas e a ordem humana das idéias e das ciências.
Ele trata da perspectiva de modo vívido e não geométrico. Coloca então em sua obra esse enfoque mais próximo da percepção humana do que da fotográfica, além de alterar os efeitos de cores para ter um melhor efeito de realidade, onde objetos surgem a se aglomerar sob o olhar. Os contornos são deformados para trazer o momento nascente de percepção da delimitação de um objeto.

A vida e a obra do pintor se confundem; se completam e se interpenetram. Seria a pintura uma válvula de escape de sua esquizoidia, algo como uma fuga de realidade, uma tentativa permanente de contato com sua realidade interior? Ou apenas não podemos separar os problemas de Cézanne

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