Resenha Filosofia Politica Locke

Mello acredita que por volta de 1679-80, época em que estava em curso, na Inglaterra, a Revolução Gloriosa que se caracterizou pelo confronto entre Coroa (conservadores) e o Parlamento (liberais), Locke escreveu uma de suas principais obras, “Os dois tratados de governo”. O primeiro tratado é, basicamente, uma refutação da obra “Patriarca” na qual Robert Filmer defende o direito divino dos reis baseado na autoridade paterna de Adão. Já o segundo tratado é um ensaio sobre a origem, a extensão e o objetivo do governo civil e defende a ideia de que nem a tradição, nem a força, mas apenas o consentimento expresso dos governados legitima o poder civil.
O ESTADO DE NATUREZA
Diferentemente de Hobbes que afirma que, no estado de natureza, as pessoas vivem em guerra constante, Locke acredita que esse seja um estado de relativa paz, concórdia e harmonia, onde reina a perfeita liberdade e igualdade. Nesse estado, os homens já eram dotados da razão e desfrutavam da propriedade que, para ele, designava simultaneamente a vida, a liberdade e os bens como direitos naturais que não podiam ser violados pelo Estado. Esse é outro ponto em que Locke e Hobbes divergem, visto que para o segundo, direito natural é a liberdade que cada indivíduo possui de usar seu próprio poder da maneira que quiser, ou seja, fazer tudo aquilo que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem como meios adequados para determinado fim.
Porém, o estado de natureza de Locke, apesar de pacífico, não está livre de inconvenientes, como a violação da propriedade o que, na falta de leis, coloca os indivíduos em guerra uns contra os outros. Nesse sentido, surge a necessidade de se fazer um contrato social.
O CONTRATO SOCIAL
O contrato social representa a passagem do estado de natureza para a sociedade política. Porém, diferentemente do que ocorre em Hobbes, onde os homens trocam sua liberdade pela segurança, em Locke, os indivíduos contratam visando a preservação e consolidação dos direitos garantidos a eles no