Resenha do filme julgamento em nuremberg

Resenha do Filme “JULGAMENTO EM NUREMBERG” (1961), dirigido por Stanley Kramer
A princípio, o filme “Julgamento em Nuremberg” trata do julgamento de quatro juízes alemães, acusados de terem usado seus altos cargos para permitir e legalizar as atrocidades cometidas pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial.
Todavia, ao contrário do que possa parecer, não trata somente do julgamento desses quatro juízes, mas sim da população alemã como um todo, e por que não dizer do mundo, haja vista o “consentimento” com as ações iniciais promovidas por Hitler.
Grande parte do filme gira em torno da dúvida existente quanto ao conhecimento ou não, por parte dos réus, das atrocidades cometidas nos campos de concentrações; fato é que nem mesmo pôde-se comprovar o conhecimento por parte da população alemã, quiçá por parte dos réus, que faziam nada mais, nada menos, do que exercer as funções a eles designadas.
Cabe indagar sobre os deveres auferidos aos juízes no esforço ímpar da população alemã, como um todo, de reerguer a Alemanha após o desastre da 1ª Guerra Mundial, cenário devastador que ensejou uma questão de honra aos alemães, impulsionando o que, então, veio a ser a 2ª Guerra Mundial, acometida pelos desastres por todos conhecidos.
Seria prudente da parte dos réus, no exercício da sua jurisdição, contrariar exigências impostas pelo governo nazista e decepcionar a população alemã inteira que, possivelmente, desconhecia o destino cruel a que eram submetidos os réus considerados culpados no julgamento? Ou seria mais capcioso encarar a árdua missão de julgar inocentes como culpados, propiciar a execução massificada e cruel de milhares de pessoas, a fim de consagrar os anseios do povo alemão, que pouco ou nada sabia sobre os sacrifícios exigidos para tanto?
Eis a grande dúvida: prezar-se-ia pela justiça sobre o povo alemão, ou pelo povo alemão sobre a justiça?
Não há dúvidas dos horrores ocorridos durante o período, bem como da inconsciência da maior parte da população alemã