Resenha de “Bestializados: O Rio de Janeiro e a República”

José Murilo de Carvalho é um cientista político e historiador brasileiro. Nascido em Minas Gerais, em 1939, é doutor em ciência política pela Universidade de Stanford e foi pesquisador e professor visitante em diversas universidades estrangeiras. É Professor titular do Departamento de História da UFRJ, da Universidade Federal de Minas Gerais e do IUPERJ. É membro da Academia Brasileira de Letras desde 2004, mesmo ano em que seu livro Cidadania no Brasil: o longo caminho ganhou o Prêmio Casa de las Américas. O primeiro capítulo do livro “Bestializados”, de José Murilo de Carvalho: o Rio de Janeiro e a República, apresenta as transformações causadas pela proclamação da República e pela abolição da escravidão na cidade. O autor fala que com a abolição da escravidão aumenta a quantidade de mão-de-obra livre e de subempregos. Há também uma intensa entrada de imigrantes europeus, de vários lugares da Europa que aumentaria este contingente de homens livres. O Rio de Janeiro passa a ter uma população muito diversificada e fragmentada. Toda essa gente, segundo o acadêmico, amontoava-se em cortiços, ruelas e becos de um centro insalubre e propício às epidemias e à insubordinação popular. José Murilo de Carvalho coloca também que houve alterações físicas na capital, como o crescimento irregular, a falta de habitações, de saneamento básico e de abastecimento de água acarretando em um surto de epidemias que assolavam a cidade. Proclamada a República, há um entusiasmo por parte das camadas mais baixas para novas possibilidades de participação política. No entanto, há uma reação negativa da população a algumas medidas administrativas da República, conferindo, assim, uma antipatia do povo ao novo regime. José Murilo de Carvalho afirma que não havia entre o povo um sentimento de pertencimento a uma comunidade coletiva e de tão fragmentada, a população se isolava em diversos grupos, nos quais criavam suas próprias leis. Isso pode ser percebido ainda hoje principalmente