resenha contato
À medida em que fui lendo o livro Contato, de Carl Sagan, minhas reações foram as mais diversas possíveis. Agora, terminada a leitura, não sei dizer se gostei ou não do que li. Explico, resumidamente, o que desenvolverei ao longo da resenha: Contato é um livro cheio de aspectos científicos que só os grandes escritores de aventura e ficção científica sabem traduzir para a literatura ficcional com devida verossimilhança, e nisso o livro é fantástico; no entanto, não consegui me aproximar de nenhum personagem em especial, justamente devido à excessiva linguagem científica, que acabou por ofuscar os dramas pessoais de cada personagem.
O início é a parte mais doce e poética de todo o livro, em que acompanhamos o desenvolvimento intelectual da pequena Ellie Arroway, que através de suas travessuras infantis, acaba descobrindo o universo fascinante dos números transcendentais, e com isso se apaixonando pela matemática, que acabará por leva-la ao estudo da astronomia e ao desenvolvimento de uma personalidade extremamente cética e pragmática. A cena em que ela está deitada ao chão segurando a terra com força por causa de sua sensação de conseguir captar o movimento da terra é muito bonita e singela. Em sua infância também ela lê a bíblia de cabo a rabo e cria uma opinião própria, captando as contradições do “livro sagrado”.
E este é o tema que permeará todo o livro: o embate entre a ciência e a religião, que chega ao estopim a partir da polêmica de uma mensagem captada por radiotelescópios do mundo inteiro, trazendo uma mensagem científica que revela o contato entre espécies inteligentes extraterrestres. Ou será que é o contato do Criador para com suas criaturas? Ainda assim, achei que esse aspecto foi mal explorado. Os personagens nunca chegam a uma ideia concreta. Claro, eu compreendo o autor: para esse tipo de questão, não existem fórmulas nem precisão, então não se pode chegar a uma ideia concreta. O problema é