Resenha Chutando a Escada
CAMILA DA CUNHA DAMASCENO GOMES1
O conceito de desenvolvimento tem muito a ver com a adoção de “boas políticas” e “boas instituições” destinadas a promover o progresso econômico. Os atuais países desenvolvidos recomendam essas políticas e instituições aos países em desenvolvimento como causa de seus progressos econômicos. Para tanto, Ha-Joon Chang (2004) sintetiza um receio ao mencionar que os países desenvolvidos estejam escondendo o “segredo de seu sucesso”, pois acredita que esses não seriam o que são hoje se tivessem adotado as políticas e as instituições que agora recomendam às nações em desenvolvimento. Carlos Lopes (2005:26) segue a mesma visão com Chang (2004) ao mencioná-lo em seu livro sobre cooperação e desenvolvimento humano ao referir o “segredo de polichinelo”. Destaca-se também uma tendência entre Milton Santos (2010: 42) e Chang (2004:141) ao defender a importância da participação ativa do Estado no desenvolvimento/progresso econômico destes.
É notória a relação entre o conceito de globalização como perversidade de Santos (2010) com a hipótese de Chang (2004) de que as nações desenvolvidas estejam se valendo do pretexto de recomendar políticas e instituições “boas” para dificultar o acesso dos países em desenvolvimento ás políticas e instituições que elas implementaram no passado a fim de alcançar o desenvolvimento econômico. Assim, dentre esse caráter perverso (pode-se dizer o caráter dos países desenvolvidos) a competitividade toma lugar da compaixão, a concorrência elimina toda forma de compaixão, a competitividade tem como norma a necessidade de vencer o outro pra tomar seu lugar. Deste modo, relevante explicitar que os atuais países desenvolvidos que chegaram a esse “patamar”, partiu à custa de violações e irregularidades (sem qualquer tipo de compaixão) e quando alcançou ao topo da magnitude chutou a escada (Chang, 2004:16, 114).
Segundo a visão do autor, as