Relatorio Simbolos Espelhos

973 palavras 4 páginas
O espelho (do latim speculum) exerceu desde sempre um grande fascínio sobre o espírito humano pois gera um espaço de ambiguidade: a imagem que reflecte é simultaneamente idêntica (ainda que invertida) e ilusória. O espelho assume, assim, sentidos radicalmente opostos: representa a verdade (símbolo mariano) e a aparência (símbolo demoníaco). A crítica de Platão (427-347 a. C.) sobre o simulacro assenta precisamente nesta relação entre o objecto real e o seu enganador reflexo. Inscrito no campo animado da experiência e da actividade psíquica, o espelho veicula o sentido de verdade equívoca, sendo considerado “o símbolo por excelência do Simbolismo” (Michaud, 1949). Nesta medida, assume uma função estética de destaque em todos os campos artísticos. Na obra cinematográfica Orfeu (1949), de J. Cocteau (1889-1963), o espelho assume-se como lugar de passagem para realidades imaginárias, conduzindo ao mundo da morte. O simbolismo do conceito é brilhantemente ilustrado na Literatura pelo conto de H. C. Andersen (1805-1875) A Rainha da Neve (1845), onde o diabo fabrica um espelho que exagera os mais pequenos defeitos dos objectos reflectidos. Ao elevá-lo ao céu, com o objectivo de lá reflectir os anjos, o espelho desliza das mãos do demónio partindo-se em milhões de pedaços. Estes penetram nos olhos e nos corações dos homens que passam a contemplar em seu redor apenas o mal e a fealdade. L. Tolstoy (1828-1910) descreve, na obra Guerra e Paz (1869), um ritual de adivinhação popular no qual uma rapariga vislumbra num espelho o rosto do seu futuro marido. Na Pintura, o espelho pode tornar presente uma personagem ou um objecto situado fora do campo do quadro; veja-se “As Meninas” (1656) de Velásquez (1599-1660). O espelho constitui-se também como um instrumento técnico ou conceptual que corrige a percepção do espaço. L. B. Alberti (1404-1472) e L. da Vinci (1452-1519) recomendavam o seu uso aos pintores; F. Brunelleschi (1377-1446) e Filarète (1400-1469) atribuíram-lhe o

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