pulsão

525 palavras 3 páginas
Nas palavras de Birman (1994), a tragicidade e o paradoxo do sujeito é precisar nomear-se, mas não poder nomear-se, sob pena de desaparecer no próprio ato de nomeação. Essa incontornável opacidade na relação do sujeito consigo mesmo introduz uma fratura radical no sujeito humano. Assim, no enunciado o sujeito é plenitude e concretude, mas no ato de sua enunciação ele desaparece para dar lugar somente aos seus efeitos. Deste modo, o sujeito não pode enunciar-se enquanto Um e, a partir disso, derivar uma reflexivização sobre si mesmo. Devemos, talvez, lamentar esse “destino”, já que ele, marotamente, nos joga a incerteza do entre-lugares, para usar uma expressão de Bhabha (1998), ou mesmo nos confronta com o nosso duplo, minando nossa possibilidade, quer de identificação total com um Ser Sujeito, quer de identificação total com um Ser Objeto.
Birman, na leitura que faz do texto de Freud Mal-Estar na Civilização, diz-nos que no discurso do mestre da psicanálise o poder é o elemento que constitui o sujeito, e a relação deste com o poder é marcada pela tragicidade e pelo paradoxo. O sujeito, ao mesmo tempo que se institui na relação com o poder, terá que se opor a este, para se estabelecer como sujeito da singularidade e da diferença. Relação paradoxal, contraditória, pois ao se inserir em um código simbólico de um sistema de poder – cultura, linguagem, o Outro –, o sujeito tende a perder sua singularidade. Entretanto, é no diálogo e confronto com “o lugar do poder que o sujeito realiza a sua produção e reprodução como sujeito da diferença” (1994, p.111). Vemos, assim, que o reconhecimento da singularidade e diferença do sujeito passa, necessariamente, pelas relações de poder. Há necessidade de tomar a questão do poder como pressuposto mas, ao tomá-la, exige-se uma ruptura com esta para que o singular aí possa surgir. Para Birman, essa ruptura pode levar o sujeito a “entrar na ‘extravagância’ e ‘excentricidade’ presentes na loucura, ou então possibilitar ao sujeito

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