prova cl ssicos 1

1) No cap. XV, Aristóteles define quatro características do éthos trágico. Em 1º lugar, é preciso que o éthos representado seja nobre, em outras palavras, superior a nós. Além disso, o éthos precisa ser conveniente e coerente. Por conveniente, entende-se adequado à person, ou seja, plausível: não se pode representar um guerreiro pacífico, pois as escolhas dele viriam a diferir de sua função na ação da tragédia. Por coerente, entende-se que o caráter deve ser constante ao longo da tragédia, ou seja, a trajetória do éthos deve ser regular, sem mudanças: não se deve representar uma person que ama os filhos profundamente e em certo ponto deixa de amá-los. Por fim, o éthos deve ser semelhante, o que dá margem a duas interpretações: por um lado, entende-se que o caráter deve ser semelhante ao éthos dessa mesma person em outras tragédias, ou seja, Medeia deve ser sempre representada como uma mulher cruel e vingativa; por outro lado, pode-se entender que o éthos de uma person deve ser semelhante ao do público da tragédia, para proporcionar o efeito catártico, causando assim terror.
Essa segunda interpretação da semelhança do éthos tem origem no cap XII da Poética, em que Aristóteles diz que a tragédia deve imitar casos que suscitam terror e piedade no público. Aristóteles afirma que não se deve representar um homem muito bom, muito superior a nós, a quem aconteçam coisas ruins, porque isto causaria repugnância; não se deve representar um homem ruim, inferior a nós, a quem aconteçam coisas boas, pois causaria revolta; tampouco se deve representar um homem ruim que passe da boa para a má fortuna, pois isso causaria apenas satisfação. Segundo Aristóteles, para provocar a piedade, é preciso que se represente alguém que é bom e sofre sem merecer, mas que não seja tão superior a nós, pois é a semelhança dessa person com o público que provoca o terror. É preciso que o caráter da person de boa reputação carregue ao menos um excesso, um defeito, que a leve a cometer o erro que a