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RECIFE - Como todo jogo, a globalização tem ganhadores e perdedores. A questão é saber quem, onde e por que se ganha ou perde. Na América Latina, o perde-ganha da abertura ao comércio e aos investimentos externos é uma complexa trama, formada, de um lado, por polarização social e deterioração das condições de emprego e, de outro, por sofisticação da produção e amadurecimento da relação empregado-empregador.

Trabalhos apresentados na 1.ª Conferência Latino-Americana e Caribenha de Ciências Sociais (Clacso), realizada no Recife na semana retrasada, indicam que, nessa teia, há um movimento multidirecional de inclusão e exclusão social. E que as visões sobre os efeitos da globalização dependem crucialmente das especificidades de cada país.

Experiências tão diversas não salvam de reexame nem mesmo noções consagradas pelo senso comum, como a que associa escolaridade e qualificação como fórmula de sucesso no mundo da competitividade crescente. Na indústria mexicana mais dinâmica, por exemplo, o crescimento das contratações não está associado a esses atributos. Nem tampouco as famosas maquiladoras têm efeito unidirecional sobre o mercado de trabalho mexicano: promovem, ao mesmo tempo, salários baixos e avanços tecnológicos e sociais.

Onde a globalização parece ter efeito unicamente perverso é na Venezuela.

Mas problemas internos, como a dependência do mercado do petróleo e turbulências econômicas e políticas impedem o país de tornar-se referência.

Especificidades à parte, especialistas tentam estabelecer um padrão do que chamam de "inserção" da América Latina no mundo globalizado. Segundo levantamento do professor Carlos Salas, do Colégio de México, que reuniu dados da Organização Internacional do Trabalho sobre 20 países, a tendência de maior precariedade no emprego e remuneração mais baixa é generalizada na região.

Até os anos 80, cresceu o trabalho assalariado, fixo e formal. A partir daí, houve estagnação e, depois, diminuição dessa parcela, enquanto

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