Portifório filme falado

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A viagem de Rosa Maria, professora de História em uma universidade portuguesa, e sua pequena filha Maria Joana, do Porto de Lisboa a Bombaim na Índia apresenta trajetória da constituição do Ocidente. A cada grande cidade ou local de evento relevante, a professora relata a criança os feitos políticos, os principais combates, os atos de resistência, a grandiosidade da arte. O filme de Manoel de Oliveira, lançado em 2003, guarda bons momentos de silêncio na observação de arquiteturas ou esculturas, no navio que rompe o mar. Mas, como deixa claro o título da película, o falar predomina, expõe tanto o brilhantismo como as fraturas da civilização ocidental.
Numa cena no navio encontramos o comandante interpretado por John Malkovich, uma mulher de negócios (Catherine Deneuve), uma atriz e ex-modelo (Stefania Sandrelli) e uma intelectual grega (Irene Papas) jantando de maneira cordial, diferentes línguas se compreendendo, mesmo com conflitos ideológicos e visões de mundos distintos. Um jantar multinacional, no qual, mais tarde, a professora e sua infante farão parte. A criança rouba a cena, como renovação da vida, ela obtém todas as atenções. Porém, em um mundo em franca decadência, de políticas autoritárias, de dificuldade de comunicação, desarmonia religiosa e terrorismo.
O cineasta português realizou uma obra envolvente de ritmo lento, mas veemente em suas implicações históricas que culmina num final desolador, impactante, lembrando que a comunicação que conecta as diferentes construções culturais, políticas, religiosas, parece desrespeitada, corroída, gasta, no qual a história se empalidece, equivocada em sua autoridade e vítima da imoderação daqueles que a exaltam e daqueles que a depreciam. E o futuro, infante como a menina Maria Joana, parece sombrio diante de um conhecimento que acumula beleza e barbárie em eqüidade.

Fonte: http://pt.shvoong.com/entertainment/movies/1824703-um-filme-falado/#ixzz1KYfYBR8o

2 - O que é mito? possa transmiti-la aos

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