Pica dura e vagina sangrenta
A DOMINAÇÃO MASCULINA
(BOURDIEU, Pierre (1930‐2002). A Dominação Masculina. Trad. Maria Helena Kühner.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, 160p.)
Maria Luiza Pedroza1
O livro é composto por prefácio, preâmbulo, três capítulos, conclusão e ainda um anexo que traz algumas questões sobre o movimento homosexual masculino e feminino. No prefácio, ressalta‐se a eternização do arbitrário, e são abordados de forma breve alguns elementos de análise que serão aprofundados ao longo dos capítulos que compõem a obra. Em seguida apresenta o preâmbulo que explicita a lógica da pesquisa de Bourdieu, a qual destaca a sua posição de espanto em relação a ordem do mundo, com seus sentidos únicos e seus sentidos proibidos, e ainda o que mais lhes surpreende é que essa “ordem estabelecida, com suas relações de dominação, seus direitos e suas imunidades, seus privilégios e suas injustiças, perpetue‐se apesar de tudo(...)”. O primeiro capítulo, intitulado “Uma imagem ampliada”, aborda a incorporação de esquemas inconscientes de percepção das estruturas históricas da ordem masculina, destaca a busca de uma estratégia que consiste em transformar um exercício de reflexão transcendental visando a explorar as “categorias de entendimento” ou as “formas de classificação” com as quais construímos o mundo, e ainda traz uma análise etnográfica das estruturas objetivas, da visão falo‐narcísica e da cosmologia androcêntrica. Essa análise vai se aprofundando à medida que o capítulo subdivide‐se em cinco partes como a “construção social dos corpos” que trata da ordem da sexualidade comparada a dois universos diferentes, sendo um deles a sociedade Cabila. A segunda parte sob o tema “A incorporação da dominação”,