Pelos femininos e a ideia de feiura no corpo da mulher
Pelos femininos e a ideia de feiura no corpo da mulher
Introdução
A proposta do trabalho é analisar as construções sociais projetadas no corpo da mulher e o caráter autoritário e opressor que essas convenções carregam e fazer isso sob a ótica do feio na vida cotidiana. Para isso o exemplo central da análise são os pelos femininos e a necessidade que a sociedade tem de eliminá-los e desnaturalizar sua existência, subvertendo a naturalidade e a transferindo para o ato de retirá-los do corpo, que passou a ser, e cada vez mais, a única forma socialmente aceita de lidar com os pelos, no caso das mulheres.
Assim, o objetivo do artigo é entender como se dá a construção da ideia de pelos femininos como um elemento tido como feio quando presente no corpo da mulher e que causa repulsa não só pela sua suposta feiura, como por estar intimamente atrelado à ideia de higiene, na mente das pessoas.
Junto disso, analisar também como o ato de depilar os pelos é absorvido pelo cotidiano coletivo e torna-se uma “obrigação natural” para as mulheres. A ideia é tomar esse aspecto do cotidiano feminino (e social, como um todo) como representativo de inúmeras outras formas de controle exercidas sobre o corpo da mulher e por isso essa argumentação estará fundamentada, entre outros, no livro O Mito da Beleza, de Naomi Woolf, mais especificamente no seu capítulo de introdução e, naturalmente, em escritos sobre a feiura e quaisquer outros que possam dar ao tema dado uma base teórica sólida.
Desenvolvimento
A história da depilação aponta a origem desse ato para a Grécia Antiga, onde o aspecto e a textura lisas do corpo eram tidos como ideais de perfeição corporal. Porém, desde lá essa prática sofreu muitas transformações (em método e ideologia) e hoje o ideal de perfeição na ausência de pelos aplica-se somente às mulheres e tem uma explicação tão mais recente quanto pragmática.
Ele surge nas primeiras décadas do