Paisagens das tribos

Introdução à teoria do esporte como processo civilizatório

Luís Otávio Teles Assumpção

O objetivo deste trabalho é entender o esporte como um dos mais importantes recursos educativos já construídos pelo homem. Tomaremos como base para compreender esta questão a importante teoria do processo civilizatório do sociólogo Norbert Elias.

Entretanto, para melhor entendermos o pensamento de Elias devemos partir de outra base teórica, sem a qual o pensamento do sociólogo não se torna inteligível.

O pensamento do fundador da Psicanálise Sigmund Freud é um dos principais pilares da teoria de Elias. Não é possível entender Elias se não entendemos as dimensões que compõem a psique humana. Portanto, a primeira parte deste trabalho consiste em esclarecer os conceitos principais de Freud que aqui nos interessam.

Durante toda a existência humana, do momento em que nascemos ao momento em que morremos, um conflito permanente nos acompanha: a tensão sempre presente entre os desejos humanos e as restrições e limites impostos pelo meio.

Freud passou toda sua existência intelectual tentando entender este processo, seus desdobramentos, suas consequências, seus limites, suas superações, seus pontos de equilíbrio e de desequilíbrio. Para compreender esta questão vital ele estruturou a psique humana em três dimensões: o Id, o Ego e o Superego.

ID

Para se entender o Id, devemos ter claro que nem sempre é a razão que governa nossos comportamentos. Tantas vezes agimos impulsionados por desejos, por instintos, por pulsões inconscientes, os quais também regem a vida do ser humano. Este é um primeiro e importante ensinamento de Freud. Esta é a base do Id, o nosso lado mais impulsivo, não dominado pelos controles sociais. Para Freud, “tais impulsos irracionais são capazes de trazer à luz instintos e necessidades que estão enraizados dentro de nós”. Por exemplo, a pulsão sexual, o desejo de mamar do bebê, a vontade de urinar, de chorar, etc. Os recém-nascidos