Os primeiros filósofos

Os primeiros filósofos

Tradicionalmente, costuma-se atribuir a expressão "pré- socráticos" a todos os pensadores que antecederam o filósofo Sócrates ( c. 470/69 - 399). Tal anterioridade, no entanto, em grande parte, é apenas histórica. Alguns pré-socráticos, como, por exemplo, Demócrito de Abdera (c. 460 a. C - 370 a. C), podem ter vivido na mesma época do grande filósofo grego. De todo modo, pode-se dizer que nenhum dos pensadores anteriores à Sócrates alcançou o grau de profundidade e abstração próprio de seu pensamento.
A anterioridade histórica, a qual menciono, faz-se na construção de um pensamento, ou de linhas de pensamentos, mais ligado à origem ( αρχή) e à natureza (φύσης) e ainda muito imbuído da estrutura do discurso mítico. Nesse sentido, a anterioridade é, antes de tudo, filosófica, pois tais pensadores podiam ser considerados, em sua grande parte, como coloca Aristóteles, no livro 1 da Metafísica, physiokoi ou physiologoi, ou seja, como "físicos" ou " filósofos da natureza" que buscavam o principio (αρχή) e a causa material (στοιχεΐον) de todas as coisas da natureza. Esses pensadores podem ser classificados, grosso modo, em três principais grupos: os da escola jônica, que fundamentavam o real em um único principio/elemento, tais como Tales (a água), Anaximandro (o ilimitado), Anaximenes (o ar), Heráclito (o fogo)[1], Xenófanes (a terra); os da escola italiana de Pitágoras (o número), Parmênides e seus discípulos Zenão e Melisso (o ser), que desenvolvera uma linha de pensamento mais abstrato, tendo influenciado Sócrates e Patão, e os pluralistas, fundamentando a realidade em mais de um elemento, tais como Anaxágoras (a multiplicidade e o espirito), Empédocles (os quatro elementos) e os atomistas Leucipo e Demócrito.
Portanto, a partir do século VI a.C, surge uma nova forma de pensamento, a qual daria, mais tarde, forma à ciência teórica e a filosofia, em um processo de valorização da "medida humana" e de laicização da cultura grega, ainda