Os anos de ouro e de chumbo - Ditadura

O capítulo se inicia com a questão da esquerda revolucionária, pois que reinstaurada a ditadura através do Ato Institucional - 5 (AI-5), finalmente seria o momento da mesma atacar através de investidas contra o estado de exceção? Entre os anos de 1969 e 1972 foram desenvolvidas e realizadas operações de guerrilha urbana, como atentados a quartéis e postos policiais, e também as operações de captura, que haviam se tornado o único viés de atuação oposicionista. Olhando com atenção às operações de captura, em especial para a de Charles Burke Elbrick, embaixador dos EUA em 1969 no Rio de Janeiro. O resgate exigido por sua vida incluía a leitura de uma carta-manifesto via rádio e televisão, denunciando crimes por parte do governo, fazendo um rápido balanço sobre as operações já realizadas, junto a uma declaração de guerra ao regime ditatorial, anunciando a iniciação da etapa da guerrilha rural. A carta-manifesto foi assinada pela Dissidência Comunista da Guanabara (DIGB), o antigo Movimento Revolucionário 8 (MR-8) e pela ALAN (Ação Libertadora Nacional) liderada por Carlos Marighella. Além da captura do embaixador estadunidense, foram realizadas outras três: do cônsul japonês em São Paulo, duas no Rio de Janeiro, do embaixador alemão e do embaixador suíço, que possibilitaram a libertação de mais cento e quinze prisioneiros políticos. Algo que se destaca nessas ações de guerrilha urbana, ações essencialmente políticas, são os termos utilizados para os registros das mesmas, expressões do Direito Penal para a configuração de crimes comuns: as capturas foram registradas como sequestros, os presos políticos que haviam sido libertados aparecem como banidos, e as expropriações como roubo. Assim, podemos observar o caráter hegemônico da ditadura, como o autor nos coloca “quando os vencedores conseguem fazer com que os vencidos usem o seu vocabulário”, distorcendo a realidade de forma pejorativa. Tais operações tiveram apenas um sucesso momentâneo, esses atos acabaram