oleo de lorenzo

23058 palavras 93 páginas
Todos os dias, milhares de pessoas se submetem ao deus criado pela humanidade: sua santidade o cientista. Seu santuário localiza-se nos edifícios dos modernos laboratórios, hospitais e universidades. Em todos os lugares, encontramos o especialista, guardião do conhecimento científico, o qual, pretensamente, tem resposta para todos os males que afligem a humanidade. São os pequenos profetas, representantes do saber canônico legitimado pela sociedade, autoridades instituídas que têm o poder da palavra. Como escreve Bourdieu:

“A especificidade do discurso de autoridade (curso, sermão etc.) reside no fato de que não basta que ele seja compreendido (em alguns casos, ele pode inclusive não ser compreendido sem perder seu poder), é preciso que ele seja reconhecido enquanto tal para que possa exercer seu efeito próprio.” (1998: 91)

Os estudantes, por exemplo, ficam extasiados com a erudição do mestre. Em certas circunstâncias, quanto mais incompreensível for o discurso do professor mais ele parecerá inteligente. Em geral, passa despercebido o fato de que a instituição universitária legitima o discurso professoral: o docente não precisa saber, mas sim aparentar que sabe. Tempos atrás, havia uma novela onde o personagem, estilo professor-filósofo, discursava em solenidades e o público ficava boquiaberto com tanta sabedoria e erudição; na verdade, embromação.

Este tipo de autoridade se impõe devido à nossa cumplicidade. Quando procuramos o médico aceitamos de bom grado a sua autoridade: suas palavras expressam a verdade científica. Como nós, míseros ignorantes, podemos questioná-lo? Terá o aluno a ousadia de questionar o saber do professor? Ainda que este ou aquele professor seja inquirido neste ou naquele ponto, a sua autoridade estará resguarda pela posição que ocupa na instituição. Ou seja:

“A linguagem de autoridade governa sob a condição de contar com a colaboração daqueles a quem governa, ou seja, graças à assistência dos mecanismos sociais capazes de

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