Noite das garrafadas
Para abordar as revoltas que ocorreram no Brasil no período Imperial, deve-se expor o contexto geral do país após a proclamação da independência. O historiador Marco Morel (2003), aponta que o período regencial (1831-1840) fora considerado caótico pelo discurso dos dirigentes envolvidos nos embates de construção do Estado nacional brasileiro e exercício da poder e coerção para estabelecimento da ordem. Entretanto este discurso apresenta uma tendência a deslegitimar as revoltas ocorridas no primeiro reinado, além do risco de anacronismos. Dentre os conflitos que ocorreram no Brasil entre 1822 e 1831, os principais foram a Confederação do Equador (1824), Guerra da Cisplatina (1825-1828), Revolta dos Mercenários (1828) bem como a Noite das Garrafadas (1831). Estes conflitos evidenciam que o Brasil neste período enfrentava conflitos tanto internos quanto externos de toda ordem (política, econômica e social). Desta forma este trabalho pretende apresentar uma análise sobre a rebelião separatista de Pernambuco, mais tarde conhecida como Confederação do Equador e o emblemático episódio da Noite das Garrafadas. O primeiro por seu cunho separatista e o segundo por ser o ápice de um conflito carregado de um sentimento anti lusitano.
2. NOITE DAS GARRAFADAS
A noite das garrafadas - como ficou conhecido o conflito envolvendo portugueses que apoiavam D. Pedro I e brasileiros que faziam oposição ao imperador - foi um dos principais acontecimentos do período imediatamente anterior à abdicação do monarca, em abril de 1831. O conflito, que ocorreu nas ruas do Rio de Janeiro no dia 13 de março de 1831, levou esse nome pelo fato de os brasileiros terem utilizado pedras e garrafas para atacar os portugueses. A tensão, porém, ampliou-se para a imprensa e para as ruas, culminando no acontecido. Com a abertura dos trabalhos legislativos, em 1826, os liberais exaltados passaram a fazer oposição sistemática ao