narcisismo

NARCISISMO E TRANSFERÊNCIA
Sandra Walter
Intersecção Psicanalítica do Brasil Introdução: Uma visão histórico-conceitual.
1- Sobre a transferência:
A problemática da transferência aparece em Freud desde 1882 quando Breuer lhe fala de Anna O., a célebre paciente que batizou o método catártico com o nome de “talking cure” (cura pela fala) e, por vezes, também deu o nome humorístico de “chimney sweeping” (limpeza de chaminé). Acometida de pseudociese, Anna O. diz a Breuer: “Agora é a criança de Breuer que chega”. No entanto, assustado ele abandona o caso e o passa ao colega Freud que assume o tratamento através do qual iniciará suas primeiras considerações acerca do que viria a ser, posteriormente, o conceito de transferência. Em 1932, Freud escreve a Stephan Zweig: “Naquele momento, Breuer tinha na mão a chave que abre o que Goethe chama a porta das mães, mas ele foge e abandona sua paciente a um colega. Ela passa os meses seguintes em uma clínica lutando para recuperar sua saúde”.
A primeira referência ao termo transferência pode ser encontrada nos Estudos sobre histeria (1895), embora freqüentemente se dê mais destaque ao seu artigo sobre Interpretação dos sonhos, quando fala de sonho de transferência.
Freud desenvolveu os fundamentos da talking cure através do “estatuto do saber insconsciente”, quer dizer, o sujeito dividido pela ação do recalque. Segundo ele, o sujeito transfere, através de uma fala endereçada ao analista, o saber inconsciente. O analista, em sua função, se dispõe a escuta desse inconsciente e se empresta aos lugares nos quais é posto por seu analisante.
Lacan, influenciado pela dialética freudiana do estatuto do saber inconsciente, formula o conceito de sujeito suposto saber (SsS) para definir aquilo que o sujeito transfere ao analista, supondo a ele o saber sobre seu próprio inconsciente. A partir de 1964, a questão da transferência gira em torno dessa fórmula, cujo trato gramatical permitiu a Lacan mantê-la junto ao curso de