Modos de interação: padrões métricos e a mediação técnica contra a contemplação na relação DJ e público na música eletrônica de pista

Modos de interação: padrões métricos e a mediação técnica contra a contemplação na relação DJ e público na música eletrônica de pista
Rafael da Silva Malhão1
Não há nada igual aquilo, não é? Conseguir com que dois discos toquem juntos. Essa conexão com as pessoas e essa energia que comunicas por meio da mixagem. E na noite adequada, quando essa energia se combina – as duas forças -, não há nada que possa subir tão alto. Tanto para o público quanto para o DJ2.
Danny Rampling.
A MEP3 se estrutura de forma modular, pois busca manter um pressuposto interativo, seja ele de produção ou recepção. As pessoas que dançam na pista estão interagindo com a música e coletivamente entre si e com o DJ. O DJ, por sua vez, se vale dos registros sonoros fixos para produção de um conjunto sonoro flexível, que tem sua dinâmica traçada em resposta a forma que os dançarinos reagem as suas escolhas. E todo esta interação se faz por meio da tecnologia e do fluxo sonoro continuo, portanto é imprescindível um ótimo acoplamento com a tecnologia para que assim seja possível a produção do fluxo sonoro continuo e desta forma essa experiência coletiva se efetive. Estas situações vivenciadas na pista expõem uma negociação em curso entre humanos e máquinas que buscam se conectar a outros humanos (os que dançam) e que ao se conectarem dão significados e sentidos a esta negociação. O fascínio pela metronomização de caráter maquínico é anterior a MEP, as máquinas que apresentavam padrões rítmicos durante seu funcionamento é que foram à base para desenvolvimento deste primeiro fascínio pela precisão métrica. Durante o período pré-guerra civil americana muito do cotidiano dos trabalhadores era orientado pelo movimento constante dos trens, isto é, de alguma forma já existia um fascínio pelo ritmo gerado pela máquina, especialmente a locomotiva, e este ritmo muitas vezes orientava o próprio andamento rítmico dos trabalhadores (SHAPIRO, 2009:83).
A radicalização da execução