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569 palavras 3 páginas
Criar é preciso!

Em quase todas as entrevistas que dei sobre a minha profissão as perguntas "Como você cria um prato?", "O que te inspira a criar uma receita?" ou "Como funciona seu processo criativo?" são as preferidas dos jornalistas. A verdade é que acho essa uma questão natural e pertinente de se fazer a um cozinheiro, mas não há ocasião em que não tenha dificuldade de respondê-la. Respondo algo diferente toda vez e confesso que a resposta fica cada vez mais incoerente com a anterior. Será que todas as pessoas que precisam dos processos criativos para sacudir seu ganha-pão têm essa mesma dificuldade em relatá-los? Vamos ver se agora, com uma coluna inteira para divagar sobre o tema e sem estar pendurada ao telefone com o entrevistador enquanto grelho camarões, consigo fazer mais sentido.

Já tive os mais variados insights na concepção de uma prato. Os que mais me surpreendem são os insights "estalo". São aqueles que não têm nenhuma relação com alguma necessidade profissional, paixão por algum ingrediente ou momento de relaxamento. Esses pratos saltam pra dentro da minha consciêcia sem bater na porta, são rápidos, concretos e me abandonam com a mesma eficiêcia se não anotar logo sua ideia. Chegam até com apresentação feita e aromas exalados, uma maravilha! Sua grande desvantagem, são raros.

Outro processo que gosto muito é aquele que surge por causa da experiêcia de algum momento artístico. Pode aparcer depois de um filme do David Lynch, ouvindo Miles Davis, observando o Morro Dois Irmãos, conversando sobre uma exposição do Cildo Meireles, depois de terminar um livro do Gabo, assistindo a gargalhada de uma criança, enfim, seu estopim é prazeroso e mais abundante do que o primeiro já que tenho como estimulá-lo. Basta vivenciar arte com a qual me indetifico para que se abra um canal rico e generoso que preenche meu cerébro com novas ideias.

O processo criativo que menos gosto é aquele que nasce a forcepes. Quando tenho um menu para entregar, um

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