Mestre
Esse reconhecimento é, na verdade, um enfrentamento, uma busca pela morte da outra para que seu desejo seja satisfeito. Nessa disputa, torna-se Escravo a consciência que, perante a morte, teve medo e voltou atrás e torna-se Senhor aquela que enfrentou a morte e não teve medo de perder sua vida.
Toda a dialética da guerra exposta por Hegel na Filosofia do Direito é também a do reconhecimento. É a relação da dialética do Senhor e do Escravo na história, de Estados que se enfrentam com o fim de garantir a liberdade, independência e autonomia. Ou seja, as bases da guerra na vida política também podem ser encontradas na Dialética do senhor e do escravo
– pelo fato de que a consciência arrisca a sua vida para preservar algo maior e além dela – a liberdade. Na guerra, o propósito é sobreviver, a fim de preservar o sistema ético do Estado e não a de encontrar uma morte honorável.
Na perspectiva dos Estados soberanos, aplica-se a mesma dialética das consciências que se enfrentam, tem a necessidade imperiosa de ser reconhecidos, de figurarem no plano internacional como sujeitos independentes e autônomos, a individualidade soberana tanto interna quanto externamente. Para garantir essa posição, o Todo é colocado em risco, através da guerra, seja para se defender, seja para conquistar.
Na perspectiva individual, a dialética do reconhecimento faz parte da condição humana, das experiências do indivíduo, que busca sempre a satisfação do seu desejo, e também do desejo de ser reconhecido. Nesse sentido, os Estados, nas sua relações, tem os mesmo escopo dos indivíduos, qual seja, lutar, com todos os seus recursos, pelo reconhecimento,tradução de sua liberdade.
Conclusão
A análise do reconhecimento dos Estados soberanos na filosofia política de Hegel demonstra que, essencialmente, sua estrutura segue a lógica da dialética do