looucura

2866 palavras 12 páginas
Sob um denso manto de estrelas desenho o negro da noite nos teus olhos o silêncio por entre teu corpo, o teu corpo e o meu desejo…
A ânsia de te ver corre-me na pele, sulca-me o rosto a tua recordação….
Sou mãos abertas colhendo em cada gole um pouco dessa luz desprendida dos teus cabelos, como caminho, como lugar, como fim.
Deixa-me novamente dançar esta noite e inventar um sonho para ti, para o guardares no teu lado ausente, escondido, só teu.
Deixa-me novamente calar e fingir que tudo digo quando nada sei contar.
Deixa fazer das minhas mãos uma página, uma história inventada numa noite onde o longe não importa, onde o amanhã é tarde demais e onde o presente vive no cheiro da tua pele.
Vou entregar-te novamente tudo o que um dia chegou a ser nosso debaixo de um manto de estrelas.

Há palavras que são irrequietas como um ardor que nos toma conta da pele.
Há palavras que ficam por dizer
Morrendo, antes mesmo de nascerem, nos braços de noites transparentes desenhadas ao teu redor.
Há palavras que sabem a erva e a saudade dos campos onde te misturavas com a lama para seres criada novamente pelas minhas mãos, feita da mesma fragilidade e contingência de todos os corações.
Há palavras que saltam do olhar como cristais magoados e partidos de uma cicatriz de dentro feita de fogo e sal, de noites desertas que o amor tocou.
Procuro as palavras escritas nas paredes da minha casa, presas ainda na roupa e no lençol, nas flores tingidas de luz sobre a mesa, navegando e vagueando pelo meu silencio crescendo como flores na primavera, tomando conta dois meus pensamentos.
Meus pés deambulam pelos desertos, outrora estradas onde os dedos se cruzavam e onde colhíamos estrelas
Já o sol vai baixo e no ar o cheiro da pele, e o sal, derretido em teu corpo ausente. Vou pisando e juntando do chão palavras caídas, palavras por dizer, presas em correntes, outrora demasiado fortes,
hoje

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