justica

E POR QUE NÃO A JUSTIÇA?

Revista Tributária e de Finanças Públicas | vol. 41 | p. 16 | Nov / 2001
DTR\2001\480

Pedro Lenza Área do Direito: Geral

Sumário:
1.Delimitação do tema - 2.Justiça e inveja - 3.Justiça e ordem - 4.Justiça e o modelo vertical de Burkert - 5.Justiça e o modelo horizontal de Burkert - 6.A justiça como vontade - 7.Alguns comentários finais - Bibliografia

1. Delimitação do tema

Como trabalho de final de semestre no curso de Pós-Graduação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), os Professores Tercio Sampaio Ferraz Junior e Nelson Ferreira de Carvalho propuseram a elaboração de um ensaio intitulado "E por que não a Justiça?". 1
Este tema, cuja amplitude e complexidade ainda instigam este autor, voltou a ser repensado em tempos mais recentes e, na medida em que as conclusões ainda permanecem incertas, resolveu-se resgatá-lo, a fim de que se pudesse despertar amplo debate perante a comunidade acadêmica e jurídica.
Não se tem qualquer pretensão de esgotar o assunto, mesmo porque está-se diante de dilema que vem tentando ser resolvido desde que o ser humano se conhece por tal, intensificando-se a partir do momento em que passa a viver em sociedade.
Pedem-se escusas, desde já, por eventual impropriedade ou atecnicismo jus-filosófico, principalmente em razão da área de concentração de estudos deste autor, qual seja o direito processual e o direito constitucional.
Pois bem, depois de muito pensar, inundado de idéias e dúvidas as mais variadas, em razão da dimensão e complexidade do tema, resolveu-se socorrer, como ponto de partida, esquivando-se, propositadamente, do tema sugerido, tão complicado e imbricado, à definição e conceituação do estilo literário proposto. Tratava-se de um ensaio sobre a justiça.
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, 2dentre os vários sentidos denotativos do verbete ensaio, assevera ser um "estudo sobre determinado assunto, porém menos aprofundado e/ou menor que um tratado formal