Isabel

1. Delimitação e justificativa
A presença da princesa Isabel nos círculos do poder imperial contribui para a promulgação da Lei Áurea, em 1888. Mais do que rotular a personalidade da princesa, o que se pretende é descobrir de que modo ela consegue articular a votação no senado imperial favorável à promulgação da lei. Este estudo é, nesse sentido, feito por meio de uma releitura das atas da Assembleia Geral Legislativa, dos discursos de Isabel na Fala do Trono e das correspondências trocadas entre a regente e abolicionistas como Joaquim Nabuco. Desse modo, torna-se imprescindível descobrir qual éi o papel desempenhado por Isabel, na segunda metade do século XIX, em um cenário político complexo cuja figura feminina é pouco ouvida/respeitada.
Trata-se de entender como a figura da regente passa a ser projetada, publicamente, a partir de 1864, quando Isabel casa-se com o Conde D´Eu, e como essa imagem é fortalecida nos anos em que ela ocupa, interinamente, o trono: 18711, 18762 e 18873. Sob essa perspectiva, é importante lembrar que, além de ser a primeira mulher a governar o Brasil4, Isabel é a primeira mulher a receber uma educação direcionada para administrar a monarquia brasileira 5, em um período em que as mulheres não costumam ter espaço na vida pública. Eram ensinadas com outros objetivos.
Situar a princesa como uma mulher do século XIX é perceber a conjuntura dessa época. A atmosfera é rígida e autoritária, a família é patriarcal e a educação da mulher é feita exclusivamente com um propósito: a procriação e a execução de atividades ligadas ao lar. O papel da educação na vida da mulher jamais deve, nessa conjuntura, servir à sua emancipação. A figura feminina é, sobretudo, importante na constituição e na manutenção da família, na instrução do homem (como cidadão) e na consolidação da nação, já que o engrandecimento da pátria passa, nessa lógica, pela instrução do homem.
É importante ter em mente que os padrões de moralidade entre as mulheres varia, como