Instru o integral Bakunin resumo e notas
I
Há antes de tudo um saber dominante que governa a vida econômica, política e social de uma dada sociedade, no caso a nossa. Mas de onde vem esse conhecimento “superior”? Ele é socialmente construído. Mikhail Bakunin começa assim, a primeira parte que uma série de cinco artigos que ele publicará na Revista L’Egalité (Ns. 28, 29, 30 e 31) nos meses de julho e agosto de 1869. A ideia é que a educação não é absoluta, mas considera a existência de um saber dominante que se instaura com a força. Enquanto a burguesia pede apenas alguma instrução ao povo, os democratas-socialistas exigem uma “instrução integral, toda instrução, tão completa quanto o permite a capacidade intelectual do século” a fim de que não haja mais exploração e dominação sobre as massas. Enquanto aqueles querem determinar funções para cada classe, estes querem a sua abolição, unificando a sociedade e equalizando econômica e socialmente todos os seres humanos. Não é possível então, uma conciliação com a classe burguesa, seja ela socialista ou não, pois enquanto esta quer se conservar, minorando, adocicando e embelezando as desigualdades e injustiças, estes querem a sua plena destruição.
Estes dirão que não seria possível a instrução de toda a humanidade, pois morreria de fome. Bakunin se pergunta então “porque os homens não trabalham apenas para si próprios: as suas descobertas científicas para além de alargarem o espírito humano, aplicando-se à indústria e à agricultura, e, em geral, à vida politica e social, não melhoram as condições de todos os seres humanos, sem exceção? As suas criações artísticas não enobrecerão a vida de todo o mundo?” Ele responde logo em seguida que não. Para ele o maior reparo que se deve fazer à ciência e à arte é que é necessário repartir os resultados, sendo que ela se concentra nas mãos de uma pequena parte da sociedade, de tal modo que o desenvolvimento exclui e, portanto está diretamente relacionada