Injuria renal aguda
Paulo R. Margotto/Márcia Pimentel de Castro
Capítulo do Livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco. 3ª Edição, em preparação
INTRODUÇÃO
A injúria renal aguda (IRA), definida como um súbito “déficit” da função renal, resulta na retenção de produtos “tóxicos” do metabolismo corporal. No recém-nascido, definimos IRA quando a creatinina sérica é igual ou superior a 1,5mg%, podendo ou não ser oligúrica (débito urinário inferior a 0,5ml/kg/hora). Nos poucos relatos disponíveis sobre sua incidência nesta faixa etária, a doença parece ocorrer em torno de 3% a 8% das internações em UTI neonatais. Freqüentemente são bebês prematuros e/ou gravemente enfermos. O recém-nascido é mais suscetível à injúria renal aguda, provavelmente pelas alterações volêmicas que ocorrem no período neonatal, pelo aumento das perdas insensíveis e, no prematuro, deve-se considerar também a imaturidade do desenvolvimento do sistema urinário, uma vez que a embriogênese renal termina por volta da 35ª semana gestacional. A IRA está associada a causas multifatoriais, mas hipotensão, hipovolemia, hipoxemia e septicemia são as mais comumente relacionadas com mecanismos pré-renais (85%). Causas renais e condições pós-renais causadoras de IRA são muito mais raras, e correspondem a 11% e 3% dos casos, respectivamente. A doença caracteriza-se por alterações no equilíbrio hidreletrolítico e ácido básico, descontrole hormonal, elevação da creatinina e uréia sangüíneas, oligúria, embora em alguns casos possa haver poliúria desde o início do quadro. A IRA frequentemente está vinculada a hiponatremia, hipercalemia, acidose metabólica e outras alterações metabólicas. A hipervolemia pode ser significativa nos neonatos anúricos. O diagnóstico no recém-nascido se faz por meio da creatinina sérica em ascensão (0,2 - 0,3 mg%/ dia) ou >1,5mg%, geralmente associada a oligo-anúria (ausência de débito urinário após 48 horas de vida ou